terça-feira, 4 de setembro de 2012

Bradesco tira projetos de incorporação do papel


Brasil Econômico, 04/set

Empresa, criada no final do ano passado, já tem empreendimentos alugados e agora estuda a criação de fundos
Juros baixos e a carência de salas comerciais em determinadas regiões do país são os alicerces da Bradesco Seguros e Previdência na sua investida na área de incorporação, que teve início no final do ano passado com a criação da subsidiária BSP Empreendimentos Imobiliários, que é responsável pela gestão dos 827 imóveis do grupo. A idiea é obter o maior retorno possível de imóveis que localizados em áreas nobres.
De acordo com presidente da empresa, Samuel Monteiro, os 827 imóveis hoje pertencentes ao Bradesco possuem um valor de custo de R$ 1,3 bilhão, "mas o valor de mercado é muito maior". A projeção é que a incorporação de 100 deles, que estão localizados em São Paulo e Rio, eleve o valor para ao menos R$ 6 bilhões.
Esse processo já teve início e tem deixado os executivos do grupo satisfeitos. A BSP escolheu três agências que estão alocadas em áreas próprias e nesses locais irá erguer empreendimentos comerciais. Monteiro afirmou que nesses primeiros projetos todas as unidades já estão locadas. "O mercado imobiliário no Brasil ainda tem um campo imenso para crescer. Tem muita demanda nas grandes nas capitais."
Um deles é o Projeto AlphaVille, em Barueri (Grande São Paulo), com 32 mil m² de área bruta locável (ABL) e que será ocupado por lojas e escritórios, além da agência do Bradesco, que fica temporariamente instalada em um outro local até a obra ficar pronta. O mesmo irá ocorrer com o local onde está a agência do Bradesco na Visconde de Pirajá, no bairro carioca de Ipanema. O empreendimento terá 4 mil m² de ABL. Ambos já estão com as unidades alugadas. O terceiro projeto será na Consolação, em São Paulo - a área a ser locada não foi informada.
Os próximos projetos serão em Porto Alegre (RS) e Salvador (BA), além do retrofit (modernização) de um prédio de dez andares na Pio X, no centro do Rio de Janeiro.
A BSP irá atender a diversos negócios do grupo Bradesco. Segundo Monteiro, além do melhor aproveitamento das áreas, os recursos da seguradora poderão ser investidos nesses projetos como uma opção a investimentos de longo prazo. Além disso, estuda-se ainda fazer fundos imobiliários em que investirão nesses empreendimentos, tendo como retorno a renda dos aluguéis, que a BSP estima que possa alcançar 10% mais variação do IGP-M. Nesse caso, as cotas seriam oferecidas a investidores e clientes do banco.
Parcerias
O presidente da seguradora, Marco Antonio Rossi, afirmou que a motivação para a criação da empresa foi a captura de oportunidades. "Vamos transformar esses terrenos para agregar valor ao acionista", disse durante encontro com investidores e analistas na capital paulista, na semana passada.
O negócio também já despertou o interesse de empresas que estão interessadas em parcerias. "Já fomos procurados por redes de hotéis, redes e varejo e universidades estrangeiras, mas tudo está só em estudo", garantiu Monteiro.
A empresa tem hoje 20 funcionários e terceiriza parte dos serviços, como a construção. No primeiro semestre, o lucro foi de R$ 160 milhões.
O analista da CGD Securities Flavio Conde, avalia como positiva a iniciativa da seguradora, porque amplia o número de áreas disponíveis para empreendimentos. "Um investimento desses não faz cócegas no resultado da empresa controladora em termos de custos e para o mercado é positivo porque são áreas que antes não estavam disponíveis para projetos."

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