quarta-feira, 24 de abril de 2013

O design invade a sala de banho



IstoÉ Dinheiro, Fabiano Mazzei, 25/abr

Cantar no chuveiro pode ser um hábito com os dias contados. Sobretudo nos lares mais abastados do planeta, onde o banheiro ganhou status de sala de estar. Móveis sofisticados, revestimentos finos, acessórios desenhados por figurões da arquitetura mundial e alta tecnologia passam a definir o novo rosto do ambiente. Então, raciocine: por que soltar a voz debaixo da ducha se ela contiver um sistema de som de alta-fidelidade que vai transformar seu boxe numa sala de ópera? Empresas como a alemã Grohe não estão nem aí se os desafinados também têm um coração: seu sistema F Digital Deluxe - com duas caixas de som dentro do boxe, seis pontos laterais de jato d'água, luzes coloridas para relaxar e painel de controle - toca as músicas em estéreo digital enquanto você lava o cabelo. 
 
 Para tanto, basta baixar um aplicativo no celular ou conectar seu iPod e descarregar o playlist. Depois dessa, quem vai ter coragem de cantar? Claro, a "brincadeira" tem seu preço. O sistema, premiado em fevereiro com o iF Design Award, uma espécie de Oscar do desenho industrial, na Alemanha, sai completo por R$ 71.320. Ainda no âmbito da trilha sonora, a sauna Inipi, da Metalbagno Spazi, propõe uma experiência sensorial a quem a usa. O equipamento, que custa R$ 22.131, tem níveis de aquecimento distintos, batizados com nomes como "selva", "mediterrâneo"e "deserto". Eles não só variam de temperatura como oferecem ruídos diferentes para cada região (será que no modo "selva" dá para ouvir o grito do Tarzan?). A mesma Metalbagno Spazi comercializa no País o vaso sanitário SensoWatch, vendido por R$ 9.445 que, entre outros recursos, tem um secador a ar quente embutido. 
 
 Para um "trono" desses, quem não quer ir? "Hoje em dia, dá para programar tudo no seu banheiro pelo smartphone ou tablet", afirma o arquiteto Fábio Morozini. "Você sai da reunião no trabalho, chega em casa e encontra a banheira cheia, água na temperatura certa, toalhas aquecidas e luz no modo relax", diz. Os viciados em tevê até na hora de escovar os dentes, por exemplo, também podem instalar em casa uma tela de HD embutida no espelho. O sistema todo chega a valer R$ 25 mil pela Ornare, de São Paulo. "Já há algum tempo temos percebido essa mudança de conceito de banheiro com os nossos clientes", diz Adriana Helu, do trio de arquitetas do escritório Triplex, ao lado de Marina Lobo Torre e Carolina Oliveira. "E essa evolução se reflete nos acessórios tecnológicos, como pisos aquecidos, espelhos que não embaçam com o calor e chuveiro com sensor de presença."
 
 ASSINATURA Na linha mais elegante, a marca-design Axor, do grupo alemão Hansgrohe, prefere seguir a filosofia minimalista do "menos é mais" na decoração do banheiro. Sua recém-lançada coleção Axor Starck Organic de torneiras tem linhas fluidas e oferece uma estética mais sutil a partir de R$ 2 mil a peça. "Em um mundo cada vez mais acelerado, móvel e virtual, o banheiro está se transformando em um ambiente vivo, onde nós estamos ficando mais próximos da natureza e experimentando a água de forma mais sensual", explica Philippe Grohe, diretor da Axor. 
 
Quem assina a série é ninguém menos que o francês Philippe Starck, designer famoso por criar de itens de decoração a hotéis de luxo pelo mundo afora. Para acompanhar componentes tão refinados, o mobiliário mudou também. Há chaise-longue para ficar batendo papo com o marido enquanto ele faz a barba, cadeiras-design e uma sorte de outros apetrechos (ao lado) que conferem ao espaço um clima de sala de estar mesmo. "O banheiro virou quase um living", afirma a arquiteta Raquel Silveira, idealizadora da Mostra Black de decoração. Segundo ela, as novas comodidades servem para que as pessoas permaneçam mais tempo nele. "É um refúgio no qual se pode recarregar as energias, inclusive com práticas como cromoterapia. Além do chuveiro ser o único lugar onde a gente pode cantar alto, né?", diz. Podia, Raquel, podia...

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