terça-feira, 10 de setembro de 2013

Apê com jeito de casa - FUN, LIVE, SUMMER (RIO DE JANEIRO) - NOVA ALAMEDA (NITERÓI)


Extra, Andréa Machado, 08/set

Até se casar, a enfermeira Gisele Cabral, de 28 anos, sempre morou numa casa. Já o marido, David, não queria mais viver num edifício. Enquanto procuravam um imóvel, pensaram: por que não comprar um apartamento de térreo, com área externa, e ter a sensação de estar numa casa? O sonho foi conquistado em 2010, quando encontraram um, no Rio Comprido.

- O David sempre teve vontade de morar numa casa, só que é mais cara. Compramos por R$ 130 mil, e hoje está valendo bem mais, em torno de R$ 300 mil - afirma Gisele.

No mercado imobiliário, apartamentos térreos são menos valorizados do que os demais. A regra é: quanto mais alto, mais caro. Rogério Quintanilha, gerente da administradora Apsa, afirma que esses imóveis custam de 25% a 35% menos (para compra e locação) do que outros do mesmo edifício.

- A maioria desses prédios com apartamentos no térreo é antiga, sem elevador. Por isso, o condomínio tende a ser menor, assim como o IPTU. Eles são muito procurados por pessoas de mais idade - diz Quintanilha.

Se o apartamento térreo tem área externa, o perfil de moradores se amplia. Jovens e famílias com crianças e animais de estimação entram no grupo de interessados, devido ao espaço.

Para Rubem Vasconcelos, presidente da Patrimóvel, se o apartamento térreo tem área externa, ele pode ser até valorizado:

- Com área externa, se o prédio for antigo, pode ficar até o mesmo valor dos apartamentos comuns. Mas se for um lançamento, aí é diferente, fica de 20 a 30% mais caro que os apartamentos comuns.

Mesmo nos empreendimentos populares, a lógica do preço se mantém. No programa federal "Minha casa, minha vida", há cotas de unidades térreas que devem ser oferecidas, primeiramente, a idosos e deficientes. Segundo Rodrigo Resende, diretor comercial da MRV - uma das construtoras que integram o programa - , elas custam 4% menos do que as do segundo andar. Se têm área externa, no entanto, o valor sobe 5%.

Quando o andar de baixo vale mais

Comum nos prédios antigos e sem elevador, o apartamento térreo tem passado por uma repaginação e ganhado ares de casa com quintal, piscina e churrasqueira. Há cerca de cinco anos, o mercado imobiliário tem aproveitado o espaço no andar de baixo e invertido a lógica de que esses apartamentos são os mais baratos de um edifício. Com o conceito de apartment garden, as unidades valem até 35% mais do que um apartamento comum. Em média, custam R$ 600 mil

- Muitos já vêm com grama sintética e são arquitetonicamente mais evoluídos - diz Rubem Vasconcelos.

Vice-presidente do Secovi Rio, Leonardo Schneider define o perfil de quem procura esses imóveis:

- Morar num apartamento com espaço, onde você pode ter uma churrasqueira, é visto como qualidade de vida. Talvez a pessoa não tenha a vista de um apartamento no alto, mas ela tem uma área que os outros não têm.

No lançamento do empreendimento Luar do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes, as unidades do térreo foram vendidas rapidamente. Elas foram negociadas a partir de R$ 414.900.

- Hoje, sabemos que o apartment garden um produto muito bem aceito no mercado. São as primeiras unidades a serem vendidas. As pessoas procuram mais espaço, tempo ao ar livre para ter uma churrasqueira, por exemplo. É o resgate de ter uma casa com a segurança de um condomínio - explica Frederico Kessler, diretor de incorporação da Even no Rio.

Em Jacarepaguá, o Grupo Avanço Aliados, aposta no Magnific, com apartamentos de três quartos com suíte. No terraço, os moradores poderão construir piscina e churrasqueira. A construtora Santa Cecília oferece esses apartamentos no Lagoa Azul, em Jacarepaguá.

A Living Construtora, empresa do grupo RJZ Cyrela, oferece unidades térreas em diversos empreendimentos. É o caso dos residenciais Summer e Live, localizados na Estrada dos Bandeirantes; no FUN!, no Grande Méier; e no Nova Alameda, no Fonseca, em Niterói.

- Entre as principais vantagens desta tipologia, está o fator "quintal", que agrada em cheio aqueles que têm animais de estimação ou que moravam em casas e apreciam áreas ao ar livre. A facilidade e a praticidade de acesso, que dispensa o uso de elevadores e escadas, é um atrativo para idosos e pessoas com dificuldade de locomoção - Thiago Athayde, da incorporação da Living.


                                    PLANTA do SUMMER


FACHADA DO LIVE


Mesmo pertencendo ao imóvel, área externa no térreo segue regras do prédio

Mesmo que a área externa conste da planta do apartamento, o morador deverá se submeter às regras do edifício. Às vezes, pintura de paredes e troca de janelas podem ser decididas numa reunião com os condôminos.

- Acontece algumas vezes de a área ser do condomínio, mas com entrada exclusiva por um apartamento. Aí, as pessoas a transformam em propriedade. Mas, sendo do morador ou não, ele tem que respeitar as regras, independentemente do andar que mora - confirma Rogério Quintanilha, da Apsa.

A enfermeira Gisele Cabral sabe bem disso: as paredes de sua área têm que ser pintadas pelo condomínio e da cor que for definida na reunião:

- O máximo que poderei fazer, se não gostar da cor, é votar contra. Fora isso, podemos usar a área como quisermos. Temos projeto de deixar o local bonito e confortável, para receber as pessoas, e seguro para uma criança.

No prédio de Saulo Guedes, de 35 anos, não há muitas regras. Mas o representante de operações conta que, quando ele e a mulher decidiram colocar uma piscina de plástico para a filha brincar, fez uma proposta ao síndico, que não foi aceita:

- Queríamos pagar uma cota extra pela água da piscina, mas disseram que não seria necessário. E, quando fazemos churrasco, tomamos cuidado para não entrar muita fumaça na casa do vizinho.

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