terça-feira, 13 de agosto de 2013

‘Apês’ econômicos são destaque em Bauru

Segmento econômico puxa bom desempenho imobiliário na cidade e responde por 40% dos lançamentos

Wagner Teodoro


Anned Oliveira (ao centro), o namorado Rodrigo e a filha Ana Laura preferiram morar em um apartamento econômico: móveis planejados ajudam a ganhar espaço
O mercado da construção civil segue com ótimo fôlego em Bauru. A constatação vem de acordo com dados do Estudo do Mercado Imobiliário de Bauru, elaborado pelo Secovi-SP (Sindicato da Habitação) e pela Robert Michel Zarif Assessoria Econômica. A avaliação aponta que, entre janeiro de 2012 e janeiro de 2013, foram lançados 1.915 imóveis residenciais em condomínios no município, todos em empreendimentos verticais. E o destaque fica por conta do segmento econômico, que responde por 40,42% do total. Além disso, prevalece a preferência por apartamentos de dois dormitórios.
Os 40,42% do segmento econômico significam 774 unidades lançadas. O número de apartamentos de dois dormitórios econômico responde por 36%, ou seja, 702 unidades. Apês de um quarto completam o percentual, com 72 unidades lançadas. No estudo anterior do Secovi, a categoria de dois dormitórios econômicos respondia por 280 unidades (12,16%) do total de imóveis lançados no período 2011/2012. O aumento percentual é de 150% e evidencia o avanço do segmento.
O estudo do Secovi-SP aponta também a opção por dois quartos como destaque em relação ao número de dormitórios, com um total de 1.068 unidades lançadas. Somam-se os 702 apartamentos do segmento econômico e outras 366 unidades tradicionais. A marca atinge um percentual de 55,77% do total de unidades lançadas em Bauru no período abarcado pela análise. O segmento de três dormitórios teve 486 unidades lançadas. O montante representa 25,38% do total. O de um dormitório, 361 ou 18,85%, entre econômico e tradicional. A opção por apartamentos de dois dormitórios passaria pela acessibilidade de compra e pela facilidade de financiamento.
O diretor geral do Secovi-Bauru, Riad Elia Said, destaca que o crescimento no setor imobiliário foi ancorado no segmento econômico, mas comemora o bom desempenho geral, dentro das expectativas. “Bauru se encaixou dentro da fração separada para a venda nesta classe (econômico). Felizmente, foi um sucesso a venda deste tipo de unidade. Mas, como se esperava pela posição estratégica de Bauru, não só apartamentos de dois dormitórios do segmento econômico foram bem, mas também os demais tiveram crescimento. Foi impulsionado, sim, pelo crescimento do segmento econômico, mas o bom desempenho foi geral”, celebra.
Outro ponto que chama a atenção no levantamento é a grande quantidade de imóveis com um dormitório. Foram lançadas 361 unidades entre os segmentos econômico e tradicional. Bauru supera a média de cidades do mesmo porte. “Bauru é um centro estudantil e por isso temos bastante lançamento neste setor”, avalia Said. Fora esta particularidade, Bauru acompanha a tendência do Estado de São Paulo. O estudo verifica ainda que nos 12 meses observados não foi lançado empreendimento de quatro dormitórios. “O que tem é remanescente do outro ano”, explica Said.
O diretor do Secovi Bauru salienta que o desempenho consolida a expansão constante do setor imobiliário no município. “Bauru continua sendo uma praça estável, de continuação de lançamentos. Não depende de ‘boom’ imobiliário da grande expansão do mercado nacional ou de parar lançamentos, como é observado em outros municípios”, pontua Said.
Outro motivo de otimismo, segundo Said, é que vendas satisfatórias em todos os segmentos mostram que os lançamentos estão acompanhando a demanda. O diretor do Secovi Bauru ainda constata que o mercado imobiliário bauruense é referência de investimento na região. “Continuamos confiando na praça de Bauru em comparação com os demais municípios da região. Os interessados em imóveis em Bauru não são apenas da cidade, mas também das cidades vizinhas. Compradores da região chegam a representar de 30% a 50%. Isso demonstra a confiança regional”, interpreta.

Desempenho consolidado
O estudo contempla também a performance de lançamento desde janeiro de 2010 até janeiro de 2013, verificando um total de  unidades lançadas acrescido de empreendimentos remanescentes de 6.187 imóveis em condomínios. Também nesta amostragem, o segmento de dois dormitórios econômicos lidera com folga, respondendo por 36% do total ou 2.228 unidades. A seguir, vêm os segmentos de três dormitórios, com 1.394 unidades, correspondendo a 22,5%, e o de dois dormitórios tradicional, com 21,2% (1.310 apartamentos). O Secovi-SP salienta que análise refere-se apenas a unidades verticais. O segmento de dois dormitórios também domina as vendas de apartamentos em Bauru, de acordo com o estudo. Somados, imóveis econômicos e tradicionais de dois quartos respondem por 57% do mercado.
A avaliação demonstra também que os imóveis são cada vez mais planejados em busca de melhor aproveitamento do espaço. Assim, verificou-se que o maior número de lançamentos ocorreu no segmento de imóveis com tamanhos de 46m² a 65m², com 43% do mercado e um giro médio relativo de 7% ao mês. Na sequência, está o segmento de até 45m², com 1.630 lançamentos e giro médio relativo de 10% ao mês.
O estudo aponta ainda que, na análise pelo preço de venda, a maior demanda está nos segmentos iniciais, de até R$ 145 mil e de R$ 145 mil a R$ 350 mil. Juntos, os dois segmentos abocanham 58% do mercado e têm retorno médio relativo de 8% ao mês e 11% ao mês, respectivamente.

Preço
O estudo do Secovi-SP contemplou também a avaliação do preço do metro quadrado na região. O levantamento mostra que o metro quadrado do apartamento de um dormitório saiu em média R$ 4.692,00 em Bauru e o de um dormitório econômico, R$ 3.973,00. O m² no segmento dois dormitórios padrão econômico ficou em média R$ 2.612,00, enquanto que o m² do apê de dois quartos tradicional saiu em média R$ 4.115,00. O metro quadrado no segmento três dormitórios teve o preço médio de R$ 5.315,00. Já o valor do m² do apartamento de quatro dormitórios foi em média R$ 7.336,00.

Funcional e confortável
Funcionalidade é a palavra chave para quem compra um apartamento econômico de dois quartos, o grande destaque do mercado imobiliário bauruense no último ano. E para atingir o objetivo utilizando os espaços da melhor maneira, é preciso uma boa dose de planejamento e criatividade. Aliás, a relação com o espaço é prioridade, uma vez que a intenção é ter um “lar, doce lar” cômodo e prático sem “estrangular” o ambiente. Com um pouco de engenhosidade é perfeitamente possível viver em um apartamento prático e confortável.
Anned Oliveira trocou, há aproximadamente um ano, um apartamento na zona central pelo atual, deixando o aluguel e migrando para um imóvel próprio. A mudança envolveu uma imediata adaptação. “Era um apartamento três vezes maior que o meu”, destaca. Oliveira estudou opções e buscou na engenhosidade soluções, e conseguiu um apartamento dois dormitórios que abriga de forma satisfatória os seus cinco moradores: ela, o namorado, Rodrigo Domiciano, a filha, Ana Laura Rodrigues, e dois gatos, Zorro e Pantera. “Tem que ter bastante criatividade, usar a parede até o teto para aproveitar bastante o espaço”, sugere.
A dificuldade maior, segundo Oliveira, ocorreu nos quartos. “Foi o mais complicado até por causa dos brinquedos da minha filha, brinquedos com os quais ela nem brinca, mas não quer se desfazer. No meu quarto não tem armário para tudo, roupas de frio...”, aponta. A dica é planejamento em busca da otimização, usar todos os espaços. “No quarto dela, usei o espaço embaixo da cama. Ensaquei o que ela não brinca e aproveitamos debaixo da cama e temos também um baú. No meu quarto pus uma cama com baú embaixo. Lá ponho as coisas que não uso tanto”, relata. No baú da cama estão as roupas de cama, enfeites de Natal e agasalhos mais pesados, explica Oliveira.
Outra indicação é evitar tudo que “roube” espaço. “Rack, estante não é aconselhável ter. Eu tive que fazer painel. Minha televisão é pregada na parede em um painel. Tenho uma prateleira para colocar os DVDs fixada neste painel”, comenta Oliveira. O ideal é evitar ao máximo utilizar o chão para não perder muito espaço. “Meu computador eu fiz um aparador e também fixei na parede. Se fosse usar uma escrivaninha também não iria caber”, diverte-se.
O casal buscou soluções práticas e inventivas para otimizar a ocupação dos espaços. Na cozinha instalou uma mesa dobrável e desmontável, também fixa na parede. “Ela fica fechada porque é um local que é passagem, um corredor. Se a gente está usando, abre. Terminou de usar, fecha e ela fica presa na parede”, explica Oliveira. A mesa é de confecção própria. O casal comprou as peças e montou todo o dispositivo. “O apartamento inteiro praticamente foi a gente que montou”, conta.

Desapego
A mudança de um local mais amplo para um apartamento de dimensões reduzidas requer, além de planejamento e criatividade, um desapego aos excessos: excesso de roupas, objetos, móveis... Enfim, dar um ponto final no acúmulo natural e, muitas vezes, irresistível. Isso exige uma mudança de comportamento e a postura de analisar e abrir mão do que não é compatível com o apartamento. Neste caso, vale a máxima do menos é mais, menos móveis e objetos e mais espaço.
“Eu abri mão de quase tudo, só fiquei com o sofá”, diz Anned Oliveira. E foi justamente o sofá que deu mais trabalho. “É um sofá que é modelar, um L, e tivemos que invertê-lo todinho para poder entrar. Mas sofremos para colocá-lo dentro do apartamento. Até estragou a porta e tivemos que fazer um retoque”, lembra. A substituição dos móveis antigos foi feita com outros mais adaptados e planejados para o novo ambiente, sempre em busca de manter o maior espaço para a família.

Pesquisa e otimização
Anned Oliveira revela que a definição do planejamento de seu apartamento passou por muita pesquisa para otimizar o aproveitamento de espaço e deixar o lar o mais funcional possível. “A gente visitava apartamentos mobiliados de 15 em 15 dias para pensar, olhar, mudar de ideia, ver o que iria fazer e tentar deixar da melhor maneira possível, com o maior espaço possível. Não é um apartamento grande e é para três pessoas”, observa.
Oliveira ainda salienta que a opção por um apartamento deste segmento precisa ser consciente e de acordo com as necessidades familiares para não causar frustração. Uma equação que envolve os fatores financeiro, tamanho da família e praticidade. “Se você tem uma família grande, fica mais complicado. Já se torna um transtorno morar em um apartamento do tamanho do meu”, pontua.
Em seu caso, o apartamento está sob medida. “Saio de casa de manhã e volto no final da tarde. Não preciso de mais espaço e não tenho tempo para organizar a casa, uma casa grande, para limpar e tudo mais. Então é o que basta. Quanto maior, mais bugiganga, mais trabalho para limpar e manter”, define.

Em alta também para locações
Se lideram com folga as estatísticas de venda em Bauru, apartamentos econômicos ganham espaço também entre as locações na cidade. E os motivos são os mesmos que os fazem se destacar nas vendas: preço e funcionalidade. “O apartamento econômico é melhor, pois além de ser mais barato, é também mais prático”, observa a relações públicas Isabela Gaspar.
Ela se mudou recentemente de Agudos para Bauru por motivos profissionais. “A mudança para cá foi em função dos meus horários, muitas vezes acaba ficando um pouco tarde para voltar de ônibus para casa”, explica. A relações públicas revela que no momento de escolher sua nova residência pesquisou o mercado antes de optar por seu atual imóvel e identificou em um apartamento econômico as características que buscava em seu novo lar.
Morando sozinha e ficando a maior parte do tempo fora de casa no trabalho, a relações públicas afirma que um apê econômico supre plenamente suas necessidades de espaço e é mais conveniente. “Algo pequeno é bem mais fácil para manter limpo e organizado. Principalmente com o cansaço do dia a dia”, salienta Gaspar.
A relações públicas aponta que a adequação aos pequenos espaços é o principal desafio encontrado em seu novo lar. “Principalmente para quem possui bastante coisa e pertences”, analisa. De acordo com ela, a solução para organizar tudo é usar a criatividade. “Por exemplo, comprar as famosas caixas organizadoras e até aqueles nichos que estão em alta no mercado de decoração”, receita.
A breve experiência em seu apartamento reiterou sua convicção de que um imóvel econômico é o ideal para suas necessidades e Gaspar planeja, posteriormente, adquirir um apê nos mesmos moldes do atual. “Primeiro quero me adaptar à nova vida e, depois, comprar algo que seja meu, mas bem prático e funcional, da mesma forma que este é”, destaca a relações públicas.

O primeiro apartamento
A manicure Kerolyn Soares da Silva acaba de realizar, juntamente com o noivo Jonas Silva Santos, o sonho da compra do imóvel próprio. A opção por um apartamento econômico foi a mais coerente para o casal quando analisado o custo-benefício da residência. A princípio, ambos pensaram em adquirir ou construir uma casa, mas as vantagens, como a rapidez na entrega e as facilidades na aquisição do apartamento, mudaram os planos. “Achamos que para construir iria demorar muito e fomos atrás do apartamento. Como já estava quase pronto para entregar, seria muito mais rápido”, destaca Silva, prestes a se mudar para a nova moradia.
A simplicidade na compra também é enaltecida pela proprietária. “Quando fomos ver para construir, era mais complicado, a entrada era muito alta. O apartamento foi mais simples, compensou mais”, compara. O casal encara o apartamento econômico como um primeiro passo rumo ao imóvel ideal. “Para começar, a gente achou legal. É claro que gente não vai ficar para sempre, mas é um começo”, ilustra Silva.
O imóvel se localiza no andar térreo do prédio e ganha maior espaço com uma área externa, aumentando o conforto, ressalta Silva. “O apartamento tem uma varanda, uma área de lazer. Então, não é tão pequenininho. É como se fosse um quintal mesmo, é superlegal”, festeja. A mudança de uma casa, onde mora atualmente, para um apartamento econômico, no entanto, vai exigir planejamento, admite a manicure. “Os móveis vão ter que ser todos planejadinhos, já estamos pensando nisso para não ficar tão apertado. Mas é uma questão de costume”, pondera.
Entre vantagens e desvantagens, a questão do tamanho do apartamento é que menos preocupa Silva. A falta de privacidade é o maior defeito para a manicure. Por outro lado, a segurança que um condomínio traz, compensa. “Desagradável é a questão do barulho, privacidade, por ter vizinhos muito próximos. Mas a gente coloca uma cortina, dá um jeito. Além disso, a gente se sente mais seguro. É um condomínio fechado, com portaria 24 horas”, aponta.
 

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