quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O novo mapa do Rio


Jornal do Commercio, Especial 2016, 31/jul

Parodiando o ex-presidente Lula, nunca na história do Rio se viu tanto dinheiro - o que é.ao mesmo tempo uma ótima notícia e uma responsabilidade imensa para os governantes que gerenciam essa montanha de verbas. Empolgado com o momento de mudanças, o presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Washington Fajardo, diz que a cidade vai ganhar cara nova. Num projeto que concilia transformação e modernidade com preservação e qualificação de espaços públicos. "Há um esforço de modernização com respeito ao patrimônio histórico e cultural", resume.

Entre os principais projetos, Fajardo menciona a qualificação da região central da capital com o projeto Porto Maravilha, que soma investimentos de R$ 8,4 bilhòes. A modernidade é representada pela construção do Museu do Amanhã, com previsão de inauguração no ano que vem. Já a tradição está ligada à recuperação de áreas como o Cais do Valongo e o Centro Cultural José Bonifácio, na Gamboa.

Outro projeto fundamental, para o presidente do IPRH, são os BRTs Transbrasil, da Baixada ao Centro, e Transcarioca, da Barra ao Galeão,Transoeste, da Barra a Santa Cruz,  e TransoIímpica, da Barra a Deodoro. Juntos, os corredores expressos somam investimen¬tos da ordem de R$ 4 bilhões. O objetivo da construção de vias exclusivas para esses ônibus biarticulados é oferecer mais segurança e qualidade no transporte público, além de maior rapidez nos trajetos. Na Transolímpica, por exemplo, a previsão é de redução do tempo de viagem à metade.

Outra menina dos olhos da prefeitura é VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), ao longo de 30 quilômetros do Centro, integrando Rodoviária Novo Rio, Aeroporto Santos Dumont, estação de passageiros do Porto e o terminal das barcas, na Praça XV. O projeto vai custar quase R$ 1,1 bilhão e pretende reduzir tempo de viagem, mas também melhorar a circulação de ônibus na região.


Um momento histórico que o Rio vive também é motivo de preocupação. Arquitetos do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) e do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) celebram a oportunidade da cidade, mas criticam aspectos como a falta de Integração entre projetos e as características de alguns deles. A transparência das realizações ainda é lida como aquém cia necessária.
Para o diretor do IAB e professor da Universidade Federal Fluminense , Pedro da Luz, um dos principais problemas é que"as intervenções não conversam entre si". 

Ele considera louvável todo o esforço para melhorar a mobilidade urbana no Rio, mas critica a falta de interligação entre modais. O VLT do Centro, por exemplo, não está integrado ao BRT do bairro. "Sinto falta de um pensamento estruturante na definição dos projetos", define. Ele sugere a construção de estações intermodais, criando uma rede de conexões que ofereçam conforto na transição de um veículo para o outro.
A falta de planejamento integrado é a principal crítica também do presidente da CAU/RJ, Sydney Menezes. "Infelizmente, as iniciativas são um somatório de ações, não veio integração", afirma.
Menezes sugere que se reveja também o hábito de executar essas obras sem projeto executivo. E explica que, quando uma obra é feita somente a partir de um projeto básico, a chance de uma haver cobrança excessiva de adicionais é grande. Ele defende também a realização de concursos de arquitetura para a escolha de projetos públicos. Na França, ocorrem de 200 a 300 concursos do gênero por ano.

Pedro da Luz, do lAB, considera que a Barra da Tijuca não deveria estar entre as áreas prioritárias para projetos. O bairro já é muito atrativo e recebeu investimentos  recentes para os Jogos Pan-Americanos. Já a escolha por Deodoro é considerada acertada. Lá está sendo construído um complexo esportivo onde serão realizadas competições de sete modalidades olímpicas.

A ideia de revitalizar a área do Rio também foi elogiada por Menezes, da CAU. "Trata-se de uma área valorizada que vem se degradando. Será a reinvenção de uma parte importante da cidade. Há acertos a serem feitos no projeto, mas a ideia geral é boa", avalia o arquiteto, que é a favor também da construção de áreas de lazer em bairros que receberam pouca atenção do poder público nos últimos anos. Um bom exemplo é o Parque Madureira.

Pedro da Luz fez críticas ainda ao projeto do metrô da linha 4, do governo do estado, de Ipanema à Barra da Tijuca. Para ele, seria melhor e mais barato modernizar o sistema de trens urbanos da cidade. "A rede está sucateada, desacreditada. Se fosse modernizada, atenderia à demanda. O sistema transporia cerca de 600 mil pessoas ao dia", afirma.

O arquiteto do IAB considera importante para a cidade o projeto do Arco Metropolitano - autoestrada que liga as cidades de Itaboraí, Guapimirim, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Japeri, Seropédica e Itaguaí. Ele se preocupa, contudo, que a construção termine por fomentar ocupação de áreas onde não há infraestrutura, entre essas cidades. Na opinião dele, é melhor adensar mais áreas onde já existe infraestrutura disponível do que estender mais a mancha urbana. 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário