quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Obras e condomínios transformam a região do Recreio dos Bandeirantes



Jornal do Commercio, Fábio Teixeira, 29/set
Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, vive um momento único. Só em obras para melhoria na infraestrutura de transporte, a maior demanda dos moradores, estão sendo investidos mais de R$ 4 bilhões. Os projetos são da Prefeitura, para criação de três vias expressas, a Transoeste, a Transcarioca e a Transolímpica, além de pavimentação de vias internas do bairro.
Os investimentos privados também são elevados e condomínios que formam verdadeiros bairros surgem no local e nas áreas que tocam a Barra da Tijuca e Jacarepaguá. Só no primeiro semestre deste ano, 663 unidades foram lançadas na região, sendo 242 residenciais e 421 comerciais. O bairro encontrase hoje em quarto lugar no ranking de lançamentos de unidades, atrás apenas de Jacarepaguá, Barra da Tijuca e Campo Grande, de acordo com a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro (Ademi-RJ).
A primeira grande obra, já em curso, é a criação da Transoeste, que ligará a Barra da Tijuca ao bairro de Santa Cruz, passando pelo Recreio. Com 56 quilômetros de extensão, o projeto deverá custar R$ 800 milhões ao município.
A duplicação da Avenida das Américas e da Rodovia Bandeirantes está permitindo a instalação do sistema Bus Rapid Transit (BRT), de corredores expressos para ônibus articulados.
Trinta estações serão distribuídas por toda a extensão da via.
Segundo a prefeitura, o BRT diminuirá em 40% o tempo de locomoção entre os bairros de início e fim do corredor e terá capacidade de transportar até 200 mil pessoas por dia.
O potencial da Transoeste se amplia quando é levada em conta a integração do corredor ao sistema metroviário, afirma o secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto. "Em pouco tempo, haverá esta ligação com o metrô, permitindo ao morador do Recreio abandonar o carro, ajudando a desafogar o trânsito como um todo." O secretário detalha que as obras da Transoeste estão perto de serem concluídas. A previsão é que terminem até o fim do primeiro semestre do próximo ano. A primeira estação, no Novo Leblon, foi inaugurada neste mês.
Ligando a Barra ao aeroporto do Galeão, a Transcarioca, segunda grande obra que passará pela região, deverá ter um total de 39 quilômetros de extensão.
Já completamente licitada, sairá por aproximadamente R$ 1,6 bilhão.
A primeira fase, também em curso, ligará a Barra à Penha, e responderá por R$ 700 milhões dos R$ 1,6 bilhão. O compromisso da Secretaria de Obras é de entregar a via até 2014, antes da Copa do Mundo.
O BRT da Transcarioca terá 45 estações pelas quais passarão até 400 mil pessoas por dia, o dobro da Transoeste. Será o primeiro corredor de transporte de alta capacidade no sentido transversal da cidade. A expectativa da prefeitura é de que ele reduza em 60% o gasto de tempo no trajeto entre a Barra e a Ilha do Governador, onde o BRT terá uma estação. Além da via expressa para ônibus, serão erguidas nove pontes, construídos quatro mergulhões e dez viadutos.
O último grande projeto, a Transolímpica, terá início no próprio Recreio, ligando o bairro até Deodoro, passando por Jacarepaguá e o bairro de Sulacap.
"A licitação para a construção da via será feita até novembro", afirma o secretário de Urbanismo.
Alexandre Pinto infor ma que a obra caminha dentro do cronograma esperado pela prefeitura, devendo ser entregue até dezembro de 2015. Ela também contará com um BRT, com projeção inicial de transporte de 100 mil passageiros por dia. Assim como na Transcarioca, o custo esperado para a Transolímpica é de R$ 1,6 bilhão.
Para os moradores do Recreio, no entanto, o mais importante serão os trabalhos da prefeitura para pavimentação de vias internas do bairro. Por muito tempo negligenciadas, as ruas receberão investimento de R$ 32 milhões para drenagem e asfaltamento. No total, serão 18 vias renovadas, resultando em urbanização de 50 mil metros quadrados no bairro. "Esse projeto vai ajudar a melhorar bastante a questão do saneamento na região", afirma Pinto.
DESAPROPRIAÇÕES. As obras da Transcarioca e Transolímpica terão obstáculos a vencer por causa da desocupação de áreas já com construções, afirma o vicepresidente da Ademi-RJ, Cláudio Hermolin. "Estas vias vão cruzar áreas onde não estavam previstos alargamentos", explica o executivo. Ele lembra que as vias a serem alteradas na Transoeste são bem mais recentes que as da Transcarioca e Transolímpica. "Como são construções recentes, foram projetadas com recuo para permitir a duplicação, então é uma operação bastante simples." A consequência inevitável são as desapropriações. O secretário de Obras, Alexandre Pinto, afirma que elas se iniciaram em 2010 para a Transcarioca. "Começamos no ano passado, para termos já uma área aberta para realizar as obras quando elas começassem." De acordo com ele, só antecipando as desapropriações foi possível o volume atual de trabalho tanto no Recreio quanto na Barra da Tijuca.
No caso das vias da Transoeste, o secretário argumenta que a maioria dos casos era de comunidades instaladas de forma irregular, em áreas do poder público.
"O que está sendo feito é de reassentamento e indenização destas pessoas." No caso da Transoeste, todas as desapropriações formais já teriam sido resolvidas, restando apenas uma, ainda em processo de negociação. O custo das desapropriações, segundo Alexandre Pinto, não foi contabilizado no valor total das obras para as três vias.