quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Crédito imobiliário ganha mais agilidade




Folha de São Paulo, Mariana Sallowicz, 12/ago

O forte crescimento do crédito imobiliário durante os últimos anos fez com que os bancos concentrassem esforços para reduzir a burocracia nessas operações, que estão entre as mais complexas do sistema financeiro. O total financiado com recursos da poupança aumentou quase 45 vezes entre 2002 e 2011, quando chegou a R$ 79,9 bilhões, de acordo com dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). A previsão é encerrar este ano com R$ 95,9 bilhões.

As instituições discutem o registro eletrônico e a padronização dos contratos.

"A ideia é transmitir, por meio de um sistema, o contrato para o cartório, que o devolve da mesma forma", diz Octavio de Lazari Junior, presidente da Abecip.

Assim, o comprador não precisará levar o documento pessoalmente até o cartório, esperar dias para que seja feito o registro na matrícula do imóvel e depois voltar ao banco com os papéis.

Após a mudança, a previsão é que essa etapa seja cumprida em uma semana -o prazo médio hoje é de 30 dias. As discussões sobre a alteração tiveram início no ano passado, mas ainda não há prazo para a entrada em vigor.

O presidente da Arisp (Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo), Flauzilino Araújo dos Santos, diz que o maior entrave é a necessidade da assinatura eletrônica dos envolvidos.

"Estamos avaliando a possibilidade de somente o banco assinar eletronicamente. Faríamos a mudança na escritura com base no documento enviado por ele", diz.
Há, no entanto, que ser estudada a validade jurídica dessa operação.

Os bancos querem também padronizar os contratos, para viabilizar o registro eletrônico. "Com um único formato nos contratos, ficará mais fácil a transmissão dos dados", diz Lazari Junior.

MUDANÇAS

O prazo e o número de documentos pedidos para o financiamento vêm caindo, segundo a Abecip. Há cinco anos eram solicitados cerca de 45 documentos. Atualmente, a média é de dez itens -há variações por instituição.

Em relação ao tempo de aprovação após o envio dos papéis, os bancos estimam uma média de 15 dias, ante os 60 dias de 2007.

Apesar das melhoras, os mutuários ainda reclamam da burocracia. O empresário Adiel Henrique, 38, quase perdeu a compra de um imóvel por causa da demora na aprovação do crédito.

Contando com o dinheiro que receberia, o vendedor atrasou três prestações de outro apartamento. "O meu crédito foi rejeitado por causa da dívida dele, que era com o mesmo banco", lembra.

O empresário precisou recomeçar todo o processo de aprovação do financiamento em outra instituição, que disponibilizou os recursos com mais agilidade. "Corri o risco de perder o negócio porque o vendedor voltou a colocar o apartamento à venda."

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

TIJUCA E VILA ISABEL - VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA

 
 
 
Os bairros da Tijuca e de Vila Isabel, na zona Norte do Rio, vivem uma ''disputa'' de preços dos imóveis desde 2010. Com características similares, o valor do metro quadrado vem se elevando em ambos, e a valorização ficou em 130,7% e 131,2%, respectivamente. Segundo Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi/Rio, contribuiu para isso a instalação de UPPs na região. ''O público da Tijuca, que tem melhor infraestrutura, também se dispõe a pagar um pouco mais'', frisa.

Estabilização

A maior diferença percentual (36,29%) ocorreu em março de 2010, quando o valor do metro quadrado chegou a R$ 2,629, na Tijuca, e a R$1,929 no bairro vizinho. Hoje, esses valores estão em R$ 5,670 e R$ 4,617. A tendência agora é de acomodação de preços.
 
 
 
 
Jornal do Commercio, Marcia Peltier, 10/ago

Os 10 bairros onde o aluguel mais subiu no Rio de Janeiro.

1. Centro

Variação do preço do m² entre julho de 2011 e julho de 2012: 85,1%

Preço médio do metro quadrado em julho de 2012: R$ 29,43

Preço médio do metro quadrado em julho de 2011: R$ 15,90

Motivações da valorização: Segundo Leonardo Schneider, o Centro era uma região preterida pela população, mas voltou a ser procurada depois do início de alguns projetos de revitalização. "Com toda a movimentação na região e com o projeto Porto Maravilha (de revitalização da área portuária) o Centro volta a ser procurado. E também, com as complicações no trânsito, as pessoas estão buscando moradias na região para facilitar o acesso ao trabalho", comenta.

2. Méier

Variação do preço do m² entre julho de 2011 e julho de 2012: 42,1%
Preço médio do metro quadrado em julho de 2012: R$ 16,47

Preço médio do metro quadrado em julho de 2011: R$ 11,59

Motivações da valorização: Segundo Schneider, a zona norte no geral e o bairro do Méier em particular foram bastante beneficiados pela política de pacificação das favelas. Agora é mais seguro morar na região. "O bairro está sendo revitalizado e tem recebido diversos empreendimentos imobiliários. Hoje há uma quantidade considerável de imóveis", diz. Ele também conta que o aumento da renda da população tem pressionado o crescimento da procura por aluguéis no tradicional bairro da Zona Norte carioca. "O Méier é uma boa alternativa para quem ainda não consegue morar nas regiões mais nobres por ter um bom custo-benefício", explica.

3. Vila Isabel

Variação do preço do m² entre julho de 2011 e julho de 2012: 28,4%

Preço médio do metro quadrado em julho de 2012: R$ 21,87

Preço médio do metro quadrado em julho de 2011: R$ 17,04

Motivações da valorização: Conforme explica o vice-presidente de Assuntos Condominiais do Secovi Rio, o endereço da boemia na Zona Norte do Rio era muito traumatizado pelo tráfico de drogas no Morro dos Macacos. Com a pacificação da comunidade, o bairro de Noel Rosa voltou a ser valorizado. "É uma região muito próxima à Tijuca, muito bem localizada. Antes da pacificação, o valor do metro quadrado era baixo, e o bairro vivia em um completo abandono em matéria de investimentos imobiliários. Mas agora Vila Isabel vem sendo revitalizada", diz Schneider.

4. Jacarepaguá
Variação do preço do m² entre julho de 2011 e julho de 2012: +21,9%

Preço médio do metro quadrado em julho de 2012: R$ 17,63

Preço médio do metro quadrado em julho de 2011: R$ 14,47

Motivações da alta: O bairro de Jacarepaguá, segundo Leonardo Schneider, tem alguns dos mesmos atributos que a Barra da Tijuca, mas é mais econômico. "Jacarepaguá fica na mesma reta que a Barra da Tijuca, mantém os padrões de empreendimentos da Barra, mas é uma opção com preços mais baixos", diz. Ele também acrescenta que a região está aquecida por causa de projetos da Copa do Mundo e das Olimpíadas que estão sendo realizadas na Zona Oeste da cidade.

5. Lagoa

Variação do preço do m² entre julho de 2011 e julho de 2012: +19,7%

Preço médio do metro quadrado em julho de 2012: R$ 53,74

Preço médio do metro quadrado em julho de 2011: R$ 44,90

Motivações da valorização: "A Lagoa é um bairro muito central do Rio e tem um belo visual e alta qualidade de vida", explica Leonardo Schneider. Ele atribui a valorização do bairro de alto padrão da Zona Sul carioca ao fato de a região ser tão agradável quanto Leblon e Ipanema e ainda assim ter valores de aluguéis mais baixos.

6. Tijuca

Variação do preço do m² entre julho de 2011 e julho de 2012: +18,9%

Preço médio do metro quadrado em julho de 2012: R$ 25,37

Preço médio do metro quadrado em julho de 2011: R$ 21,34

Motivações da valorização: A Tijuca, assim como os outros bairros da Zona Norte nesta lista, é outro caso de região beneficiada pela instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nas favelas do bairro. "A Tijuca é cercada por morros e comunidades. Com a pacificação, o bairro ficou mais valorizado. É um bairro muito tradicional da cidade e tem as vantagens de ter bastante opção de comércio e acesso ao metrô", explica o vice-presidente de Assuntos Condominiais do Secovi Rio.

7. Barra da Tijuca

Variação do preço do m² entre julho de 2011 e julho de 2012: +18,8%
Preço médio do metro quadrado em julho de 2012: R$ 35,04

Preço médio do metro quadrado em julho de 2011: R$ 29,50

Motivações da alta: A valorização dos aluguéis na Barra da Tijuca pode ser explicada sobretudo pelo fato de o bairro da Zona Oeste ser um dos mais contemplados pelos investimentos relacionados à Copa do Mundo e às Olimpíadas, segundo Leonardo Schneider. "Diversos projetos estão previstos para o bairro, como os projetos de transporte. É o caso da nova linha do metrô, que ligará a Barra à Zona Sul da cidade, e alguns outros projetos que já chegaram, como o BRT, linha expressa de ônibus já em funcionamento que liga a Barra ao bairro de Santa Cruz. A região vive uma pujança econômica muito grande", comenta.

8. Gávea

Variação do preço do m² entre julho de 2011 e julho de 2012: +18%

Preço médio do metro quadrado em julho de 2012: R$ 49,88

Preço médio do metro quadrado em julho de 2011: R$ 42,27

Motivações da alta: De acordo com Leonardo Schneider, o bairro de alto padrão da Zona Sul é bem localizado, e agrada por ter opções de comércio e um shopping center. "É um bairro que também tem muitos artistas e formadores de opinião. Tudo isso acaba gerando maior procura pelo bairro e o torna uma alternativa à região do Leblon", afirma.

9. Leblon

Variação do preço do m² entre julho de 2011 e julho de 2012: 17,3%

Preço médio do metro quadrado em julho de 2012: R$ 61,39

Preço médio do metro quadrado em julho de 2011: R$ 52,33

Motivações da valorização: De acordo com os dados do Secovi, o bairro da Zona Sul teve o maior preço médio do metro quadrado do aluguel em julho. Para Scheneider, a valorização do Leblon está muito associada a uma questão de status do bairro. "O preço do metro quadrado no bairro é muito alto, hoje é o carro-chefe do Rio de Janeiro. Todo mundo que tem dinheiro quer morar no Leblon. O bairro tem bons restaurantes, praia, segurança, opções de lazer e morar lá é uma questão de glamour", avalia.

10. Ipanema

Variação do preço do m² entre julho de 2011 e julho de 2012: 16,3%

Preço médio do metro quadrado em julho de 2012: R$ 60,57

Preço médio do metro quadrado em julho de 2011: R$ 52,33

Motivações da valorização: Assim como Leblon, a vizinha Ipanema é um bairro mais voltado a pessoas com um padrão de renda mais elevado, segundo Schneider. "Ipanema é um bairro com comércio, muito tradicional, voltado a um público mais despojado, e muitos estrangeiros têm buscado locações no bairro, o que contribui para a valorização dos aluguéis", justifica o vice-presidente de Assuntos Condominiais do Secovi Rio.

 


Exame online, 09/ago

Secovi Rio: urbanização deve ser prioridade

O próximo prefeito do Rio de Janeiro deve focar na urbanização de áreas na periferia. A afirmação é do presidente do Sindicato da Habitação do Estado do Rio de Janeiro (Secovi Rio), Pedro José Wähmann, que, em visita ao Jornal do Commercio, falou a respeito do caderno de intenções do segmento imobiliário elaborado pela organização e entregue aos candidatos a prefeito. Segundo ele, a urbanização dessas regiões e posterior integração ao restante da cidade por meio da rede de transporte público cria oportunidades para o setor imobiliário.

"Há regiões no Rio com potencial para gerar habitações de nível adequado para populações de rendas mais baixas, para famílias das classes C, D e E", afirmou o executivo, citando bairros no entorno da Avenida Brasil que já estariam bem integrados ao sistema de transporte. "Precisa-se cuidar da urbanização dessas áreas para estimular a chegada de novos empreendimentos de qualidade."

Segundo o presidente, o objetivo do sindicato ao entregar os documentos aos candidatos é manter aberta a linha de comunicação com a Prefeitura. Além do estímulo à urbanização de áreas degradadas, o executivo cita como prioridade a preservação do parque histórico do Rio e reformas nas legislações para o setor imobiliário, reduzindo impostos no nível municipal.

Além da área no entorno da Avenida Brasil, Wähmann aponta a Zona Portuária como um local onde habitações teriam boa receptividade. O executivo argumenta que o Centro é um dos poucos no mundo sem área habitacional de tamanho correspondente ao seu número de trabalhadores. "Na área de revitalização do porto, a parte que for reservada para habitação terá uma aceitação muito grande pelo mercado", avaliou.

Apesar de esperar um movimento de moradores de outras regiões para o Centro, Wähmann não acredita, porém, em especulação imobiliária. "Todos os terrenos já estão mais ou menos comprometidos dentro do Plano Piloto", disse.

O executivo avalia também que o preço dos imóveis no Rio deverá se manter estável, por conta de maior cautela por parte das construtoras e dos compradores. A época de elevação acelerada no preço dos imóveis, de acordo com ele, estaria chegando ao fim.

"O Rio ficou por muito tempo estagnado, sem novos empreendimentos. O que ocorreu nos últimos anos foi uma grande recuperação nos preços", afirmou, descartando a possibilidade de bolha imobiliária.

Outro problema enfrentado pelos cidadãos fluminenses, o atraso na entrega de empreendimentos por parte das construtoras, também estaria perto de ser solucionado. Na opinião de Wähmann, o que houve foi um descompasso entre o número de lançamentos de unidades habitacionais e a capacidade da mão de obra em executar o que foi prometido. De acordo com ele, com a diminuição no ritmo dos lançamentos, a adequação da situação deve se dar em um ano e meio.
 
Jornal do Commercio, 10/ago