quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Os túneis subterrâneos da Região Portuária

O Dia, Informe do Dia, 19/set

Já dá para atravessar 1.480 metros do túnel entre a Praça Mauá e a Rua Primeiro de Março que fará parte da Avenida Binário, na Região Portuária. Outro túnel, com 2.570 metros de extensão e três pistas em cada sentido, ligará o Mergulhão da Praça 15 à Gamboa e integrará a Via Expressa, que receberá os carros que hoje usam a Perimetral. 

Projeto prevê maravilha de cenário para a Barra da Tijuca

O Globo online, Maísa Capobiango, 18/set

A dragagem e revitalização de todo o complexo lagunar da Barra e de Jacarepaguá; uma ilha-parque com trilhas, quadra de esportes e jardins; e o aumento do quebra-mar em 180 metros, com direito à construção de um restaurante panorâmico. A primeira ideia parece um sonho distante e as duas últimas, mirabolantes? Pois, segundo a Secretaria estadual do Ambiente (SEA), tudo isso está prestes a sair do papel.

- Após dois anos preparando o projeto e três audiências públicas em que foram apresentadas sugestões interessantes, como a mudança de localização da ilha-parque para uma área que tinha mais necessidade de ser recuperada, as obras começarão, finalmente, em meados de outubro - garante o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc.

De acordo com ele, os trabalhos de dragagem, a construção da ilha-parque e o aumento do quebra-mar serão realizados simultaneamente. O ponto de partida será a dragagem da embocadura do Canal da Joatinga. Dos sedimentos retirados, parte - cerca de um terço - irá para a área onde será construída a ilha-parque, entre as lagoas do Camorim e Tijuca. O restante será levado, temporariamente, para o Parque de Marapendi e para a área destinada ao Centro Metropolitano, antes de ser transportado para um aterro sanitário.

A previsão é que aproximadamente 5,7 milhões de metros cúbicos de sedimentos poluídos sejam retirados do fundo das lagoas, volume que daria para encher o equivalente a sete Maracanãs. O material a ser dragado é composto por argila, areia e silte (substância cuja partícula é maior que a argila e menor que a areia), além de material orgânico proveniente de esgoto lançados direta ou indiretamente no sistema lagunar. Com a conclusão da dragagem, a profundidade das lagoas vai variar de 1,5m a 3,5 m.

- Um dos pontos levantados durante as audiências públicas foi o mau cheiro (que poderia advir da dragagem). Mas as pessoas não precisam se preocupar. Como vamos usar um tubo direto de sucção e desidratar o material, o impacto neste sentido será mínimo - diz o secretário.

A ilha que será transformada em parque já existe, mas com tamanho bem menor. Após as obras, sua extensão será de 444.700 metros quadrados. 

Atividades de lazer e educativas estão previstas para o local. Haverá trilhas, ciclovias e um centro de referência ambiental que funcionará como um núcleo de estudos avançados dedicado a ações de manejo da natureza da região. Este será integrado por especialistas de universidades, da SEA e do Inea.

- Nossa intenção é criar um espaço de interação entre a comunidade e o meio ambiente. Haverá atividades para todas as idades - diz Minc.

O acesso à ilha-parque, conforme Minc, será feito por meio de balsas. O projeto de recuperação do complexo lagunar, que engloba a construção da ilha-parque e a expansão do quebra-mar, está orçado em R$ 602 milhões e faz parte das obrigações do Caderno de Encargos das Olimpíadas de 2016.

A pedidos, 5 estações hidroviárias

Durante as audiências públicas realizadas para discussão sobre a recuperação do complexo lagunar da Barra e de Jacarepaguá, um pedido antigo dos moradores acabou entrando para o projeto: a construção de cinco estações hidroviárias ao longo das quatro lagoas da região 
- Marapendi, Tijuca, Camorim e Jacarepaguá.

- Já que vamos fazer a dragagem, o que vai estimular a navegabilidade nas lagoas, realmente é um bom momento para aproveitar e pensar nas linhas hidroviárias - afirma o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Minc.

O presidente da Câmara Comunitária da Barra, Delair Dumbrosck, garante que há vários anos a população da região cobra a criação destas linhas Para ele, é um sonho que se torna realidade.

- Esta é uma reivindicação antiga da Câmara. Aproveitamos as audiências públicas para mostrar que, já que seria feita a drenagem, o ideal seria aproveitar e fazer tudo de uma vez. O objetivo é que a pessoa possa sair da Península, por exemplo, e ir até a Alvorada pelas lagoas. Nós pedimos isso para evitar que, no futuro, aconteça a mesma desorganização que ocorreu com as vans. Daqui a pouco teremos um monte de barcos irregulares nas lagoas da Barra. O melhor é ordenar logo - opina Dumbrosck.

O projeto das estações hidroviárias está sob responsabilidade da Secretaria municipal de Transportes. Segundo o órgão, os estudos técnicos na região já estão sendo realizados, para, em seguida, ocorrer a apresentação do projeto que será licitado.

Píer com restaurante e Pepê limpa

Na embocadura do Canal da Joatinga, o projeto de recuperação do sistema lagunar vai prolongar o quebra-mar (hoje com 50 metros) em 180 metros, com a utilização de pedras das obras de construção da Linha 4 do metrô. Está prevista, ainda, a construção de um restaurante panorâmico no local, a cargo da iniciativa privada.

O aposentado João Alves Torres, morador de Rio das Pedras, pesca diariamente no quebra-mar. Ele acredita que o projeto vai trazer resultados positivos:

- É importante dragar este ponto e tirar as pedras que atrapalham a entrada e a saída da água. Acho que, com o aumento do quebra-mar, vai ficar melhor para pescar.

O comerciante Antônio Ferreira Cardoso, dono do quiosque Dona Augusta, está receoso, mas torce para que as obras melhorem a região:

- Tenho medo de que a faixa de areia aumente, com o quebra-mar maior, já que a tendência é o acúmulo mudar de lugar. Mas torço para que façam o melhor. Este restaurante que pensam em construir seria uma forma de atrair mais pessoas para cá.

De acordo com o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Minc, Cardoso não tem o que temer: o objetivo da extensão do quebra-mar é potencializar a circulação da água entre o mar e a lagoa, o que evitará o assoreamento no local. 

Além disso, o trecho entre o quebra-mar e a Praia do Papê será contemplado pelo projeto Sena Limpa 2, o que também melhorará a balneabilidade.

OPORTUNIDADE DE INVESTIR EM HOTEL - BEST WESTERN

Mudou

O Globo, Negócios & Cia, 18/set

Será Best Western o hotel que a Rossi vai erguer no complexo Multi, em Duque de Caxias. A construtora fechou com a Incortel. Na origem, o projeto teria bandeira Flash Inn. O hotel, com 156 quartos, terá R$ 50 milhões em valor de venda. 

domingo, 15 de setembro de 2013

Porto terá dois mil imóveis



Extra, 13/set

Eduardo Paes quer aumentar o número de moradias na área do Porto Maravilha, no Centro. Segundo o diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio (Cedurp), Alberto Gomes Silva, o prefeito encomendou ao órgão, à Secretaria de Urbanismo e ao Instituto Rio Patrimônio da Humanidade um estudo para incentivar a construção de residências na região.

Embora ainda não haja uma data prevista, o anúncio das moradias deverá ser feito até o fim do ano. O projeto prevê, pelo menos, dois mil imóveis enquadrados no programa de habitação popular do governo federal "Minha casa, minha vida", voltados para a Faixa 1, que engloba famílias com renda de zero a três salários mínimos (até R$ 2.034) . A informação foi publicada, ontem, pelo ¨colunista Fernando Molica, do jornal "O Dia".

- Vamos atender à população da região, que mora de aluguel social ou em condições precárias, e moradores de outras áreas que têm interesse em morar no Centro - diz Alberto Gomes.
Empresas que investirem em moradias na região poderão receber isenção ou anistia de impostos:

- No caso dos incentivos, provavelmente vai ser um projeto de lei. Vai demorar um pouco, pois envolverá outros órgãos - explica Alberto.
Caberá às empresas decidir a quem serão destinados os demais imóveis na área - não incluídos no "Minha casa, minha vida".

Sugestões: vaso feito com pincéis





Vaso de flores com pincéis para ornar com estilo
Foto: Reprodução da internet


Flores sempre deixam qualquer ambiente agradável e, com o vaso certo, tornam-se parte da decoração da casa. Este vaso foi feito com pincéis de vários tamanhos.

Vila de luxo com 25 casas é construída no telhado de um shopping center na China

Local tem área verde e as residências, de dois andares cada, só podem ser usadas por funcionários da empresa



Vila de casas é construída sobre o telhado de um shopping center
Foto: China Daily



Imagine uma vila luxuosa com 25 casas, de dois andares cada, todas com paredes amarelinhas e telhados azuis brilhantes, árvores e arbustos no quintal, e cercas branquinhas entre elas. Falando assim até parece a descrição de um calmo condomínio em uma área estritamente residencial. Só que não. Trata-se de conjunto de casas construídas sobre o telhado de um shopping center numa área agitada da cidade de Hengyang, na China Central, pelo grupo Hengyang Wings Group Co, segundo o South China Morning Post.
As residências foram construídas em 2009 sem licença e, embora o governo local tenha alertado a empresa sobre a irregularidade e anunciado a demolição da área, o grupo ignorou as possíveis consequências. Mais tarde, os dois lados entraram num acordo e ficou determinado que as casas não podem ser vendidas, sendo permitido sua permanência no teto apenas com a finalidade servir de moradia aos funcionários migrantes do Hengyang Wings.
“As casas são agora dormitórios para os nossos funcionários. Alguns trabalhadores migrantes que participaram da construção das moradias também estão vivendo nelas”, disse Wang Jianxin, gerente geral do grupo, para um jornal local.
O investimento imobiliário tem sido um impulsionador da economia chinesa durante anos. Com isso, cada metro quadrado de terra para construção passa a ser alvo de disputa entre investidores do setor, o que leva construtoras e usarem os telhados, e o governo a tentar impedir a construção irregular para controlar o rápido aumento dos preços da habitação.

Sugestões: para organizar as chaves



Se abrir uma simples porta é uma tarefa complicada porque você nunca consegue diferenciá-las que tal pintar a pontinha de cada uma delas com cores da sua caixinha de esmaltes? Uma sugestão bem simples e barata, além de criativa.



Use seus esmaltes para diferenciar as muitas chaves
Foto: Reprodução da internet

Uma cabine minimalista e autossuficiente para se viver



Arquiteto italiano desenvolve conceito de casa autônoma com 7,5 m²


Você conseguiria viver em uma casa de apenas 2,5x3 metros? Este é o tamanho da cabine “Diogene”, desenvolvida pelo arquiteto italiano Renzo Piano e seus alunos. Por fora parece uma minúscula casa. Mas, longe disso, ela é, na verdade, uma complexa estrutura, que funciona de forma completamente autônoma com um sistema autossuficiente, podendo ser transportada para qualquer lugar. Entre as curiosidades da sua estrutura, há um tanque de água de chuva, um banheiro biológico, ventilação natural e uso de energia solar.



Casa minimalista feita de alumínio por fora e madeira por dentro
Foto: Vitra

A parte da frente serve como uma sala de estar. De um lado, há um sofá-cama e, do outro, uma mesa dobrável. O chuveiro fica atrás de uma divisória e tudo é integrado e feito de madeira. A parte externa é revestida de painéis de alumínio para reforçar a proteção. O telhado tem o arquétipo semelhante ao de uma casa, mas seus cantos arredondados e os materiais de fachada também dão a impressão de um produto contemporâneo.
Um dos diferenciais da cabine, segundo o arquiteto, é que ele pode ser usado como uma casa de fim de semana, um estúdio, escritório ou até mesmo um hotel informal.
Acontece que “Diogene” não é meramente uma casa compacta. Trata-se também de um novo conceito minimalista de design e arquitetura e que pode vir a ser produzido em série. Em entrevista para a Vitra Magazine, Piano conta que uma casa minimalista é algo que sempre foi considerado um ideal desde seus tempos de escola. Segundo ele, o espaço de dois metros quadrados — suficientes para uma cama, cadeira e pequena mesa — é um sonho compartilhado por muitos estudantes.
O grande desafio consiste em adequar um produto tão complexo de modo que possa ser produzido em série industrial. “Esta casinha é o resultado final de uma longa, longa jornada, parcialmente impulsionada por desejos e sonhos, mas também pelo tecnicismo e uma abordagem científica”, explica Piano à revista.
Conceitual
No final dos anos 60, quando Piano lecionava na Associação de Arquitetura de Londres, ele juntou-se a estudantes para construir pequenas casas em Bedford Square, na cidade londrina. O arquiteto também projetou botes, carros e, anos mais tarde, células para as freiras do convento da Ordem das Irmãs Clarissas, em Ronchamp, na França.
Há cerca de 10 anos, por conta própria e sem um cliente específico, Renzo começou a desenvolver uma casa minimalista. Primeiro, desenvolveu vários protótipos em Gênova, na Itália, com compensado, concreto e, finalmente, madeira. A versão final do projeto chamado de “Diogene” foi publicado no outono de 2009 pela revista italiana “Abitare” e consistia em uma casa com telhado de madeira, com uma superfície de 2,4 metros quadrados, uma altura de crista de 2,3 metros e um peso de 1,2 toneladas. Piano apresentou sua visão para o público da revista, mas observou em um dos comentários que ele precisava de um cliente para dar continuidade à “Diogene”. O arquiteto italiano encontrou então no presidente do Vitra AG., Rolf Fehlbaum, o parceiro que buscava.
Fehlbaum se sentiu atraído pela ideia, pois, segundo ele, Vitra não é apenas uma fabricante de objetos de design, mas define o mobiliário como uma parte essencial do ambiente humano. Para ele, se olharmos para trás, a história do design de móveis sempre foi sobre a requalificação do espaço de vida das pessoas.
No final de junho de 2010, houve uma reunião entre eles e ficou acordado que desenvolveriam o projeto juntos. E, em julho de 2013, após três anos de trabalho, um novo protótipo de “Diogene” foi apresentado no Campus Vitra, na Alemanha.
Segundo eles, não é um projeto acabado, mas um arranjo experimental permitindo a Vitra testar o potencial da casa minimalista. Embora geralmente apenas os produtos que estão prontos para produção em série são apresentados ao público, desta vez, optou-se por deixar o público participar no teste de “Diogene” devido à complexidade do projeto de Renzo Piano.

Arquiteto transforma ônibus antigo em casa para viajar nos EUA


Interior de madeira com cozinha, quarto e sala integrados
Foto: Hypeness


Viajar é uma paixão para muita gente. Mas pegar uma estrada é um prazer para poucos. Agora, já imaginou viajar por muitos e muitos quilômetros na estrada e, ainda por cima, dentro de um ônibus escolar antigo? Pois o recém-formado arquiteto Hank Butitta fez essa proeza. Ele decidiu botar o pé na estrada após finalizar a faculdade em Minnesota, e depois de transformar o veículo num confortável moto-home.

Hank e seu irmão, o biólogo Vince Butitta, além do amigo fotógrafo Justin Evidon, botaram a mão na massa e com US$ 6 mil transformaram um velho ônibus, que havia sido comprado por US$ 3 mil, num espaço que comporta até 12 pessoas. Dentro da casa nada convencional toda feita de madeira, eles optaram por peças multiuso, a exemplo das camas que tem compartimentos embaixo, funcionando como um guarda-roupas, e também dos sofás da “sala”, que pode ser adaptados em um grande colchão, conforme mostra o blog Hypeness.

As obras duraram 15 semanas. Com o lema “Às vezes, o melhor plano é não ter um plano” o objetivo deles é percorrer nove mil quilômetros pelos Estados Unidos, registrando toda a viagem.

Terraço compartilhado: a nova moda de Nova York

O Globo online, Morar Bem, 13/set

Você mora em um apartamento em meio ao caos urbanos, mas quer tomar um solzinho ou fazer um churrasco no quintal de casa? Em Nova York, algumas empresas já deram solução para isso e estão lucrando, diga-se de passagem. De olho em um novo nicho de mercado, a oferta agora é para quem, mesmo morando no subúrbio, não quer abrir mão de certas regalias de condomínios caros.

Um edifício de 229 apartamentos de um e dois quartos localizado em Williamsburg, área moderninha do Brooklyn, está entre os primeiros a oferecer este de tipo privilégio, segundo o New York Times. De tijolos vermelhos, com grandes janelas e sete andares de altura, o prédio - previsto para ser concluído no mês que vem - terá uma área de convivência... no terraço.

Como nas áreas comuns de grandes condomínios cariocas, a grande plataforma do telhado também terá várias divisões. Em uma delas, haverá espaço para fazer churrasco, tomar sol, um chuveiro ao ar livre e até local certo para os cachorros fazerem xixi. Em outro ambiente do telhado compartilhado, haverá um pátio ao ar livre, quadra de bocha e área de socialização. No térreo do prédio também estão previstos restaurantes, cafés e lanchonetes. O prédio ainda contará com dois ginásios com uma quadra de basquete coberta, uma grande sala de bicicleta e vários salões.

Um detalhe é que 46 das 229 unidades serão reservadas para inquilinos de baixa renda. Os apartamentos contam com bancadas de pedra de quartzo e armários grandes, e cada unidade tem máquinas de lavar e secar roupa e de lavar louça.
Para David J. Maundrell, fundador e presidente da empresa que está comercializando os imóveis, este tipo de loft costumava atrair jovens artistas, mas agora é também procurado por famílias com crianças e jovens profissionais de áreas diversas.

Mas, claro, tantas regalias têm seu preço. O valor do aluguel no novo prédio será compatível aos preços de Manhattan, o que é bem caro, se comparado com os preços em Williamsburg. A média para dois quartos no novo edifício vai ser de US$ 4.500 (RS 10.350) por mês. No bairro, os aluguéis giram em torno dos US$ 3.625 (R$ 8.340).

Nada estranho para Eric Hantman, que lida com vendas e aluguéis no Brooklyn e Manhattan. Segundo o corretor, o sucesso dos edifícios de aluguel com regalias em Manhattan provam que algumas pessoas estão dispostas a pagar caro por estes privilégios. "Há pessoas que vivem em Manhattan, mas querem viver em Williamsburg e estão dispostas até a pagar os preços de Manhattan por lá", garantiu em entrevista ao New York Times.

Sítio arqueológico é descoberto atrás da antiga Estação Leopoldina

O Globo, Flavio Tabak, 13/set

O design anatômico lembra as escovas de dentes vendidas nas farmácias. No lugar do plástico e das cerdas macias, porém, marfim cuidadosamente esculpido e espaços para tufos de pelo de porco. No cabo, uma inusitada inscrição em francês: "S M L'Empereur du Brésil" (sua majestade o imperador do Brasil). Descartável para presidentes e monarcas de hoje em dia, o item de higiene bucal e imperial muito provavelmente foi usado por dom Pedro II. Estava guardado há mais de um século no subterrâneo do terreno atrás da antiga Estação Leopoldina, no Centro.

É apenas uma entre milhares de relíquias que brotaram de um enorme sítio arqueológico explorado silenciosamente desde março por uma equipe de 26 profissionais e aberto pela primeira vez à visita de repórteres. O trabalho convive com o ritmo frenético de um canteiro de obras da Linha 4 do metrô, que financia a pesquisa. Ainda em fase de escavação - a análise criteriosa das peças será feita entre 2014 e 2015 -, as trincheiras já reconstituem hábitos sociais do século XIX, principalmente da elite e da família imperial, que usavam a região como área de descarte. Há, em menor número, itens dos séculos XVII e XVIII. Ao todo, são cerca de 200 mil objetos ou fragmentos localizados, 90% deles do século XIX.

- Não temos motivos para não acreditar que a escova foi produzida para o imperador, para a imperatriz ou para alguma princesa. A cerda de pelo de porco se perdeu, mas a escova sobrou - conta o arqueólogo e historiador Claudio Prado de Mello, que coordena a equipe.

Outra descoberta relevante é a área exata onde funcionou, entre 1853 e 1881, o Matadouro Imperial, local oficial de abate do gado que abastecia a cidade. Sabia-se que o matadouro era ali por causa de um pórtico preservado, mas vários resquícios estavam escondidos até o início das escavações.

Restou um largo calçamento de pé de moleque, ossos bovinos de aproximadamente 150 anos, ferros, ganchos e outros indícios que ajudarão a entender a metodologia do abate bovino da época. Mas a riqueza do matadouro é o piso original preservado da parte de fora do complexo, já que os prédios foram destruídos. Canaletas ao redor também indicam que o sangue dos animais tinha um caminho a ser percorrido rumo aos rios da região.

Já foram abertas pelo menos 11 trincheiras, os buracos onde arqueólogos, historiadores, biólogos e ajudantes trabalham sob a supervisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Além da escova, já foram identificadas centenas de objetos, como uma garrafa de vidro produzida para a família imperial, caixas de fósforo escocesas, canecas com brasão do Império e até um anel e um prendedor de gravata de ouro. Recipientes de pasta de dentes feitos em louça têm destaque na coleção. Há sabores para todos os gostos, como lírio florentino e uma mistura de cereja, hortelã e pimenta. Tudo para "limpar e conservar os dentes e as gengivas", diz uma embalagem, e "free from acid" (livre de ácido), diz outra.

Mello explica que, como não havia coleta de lixo, moradores cavavam buracos em seus quintais para enterrar resíduos. Quando não existia espaço no terreno, outros pontos eram escolhidos, em geral os baixos, que precisavam de aterro. Foi o caso da região conhecida hoje como Leopoldina, que já foi ocupada até por índios temiminós liderados por Arariboia antes de serem levados para Niterói no século XVI, explica o arqueólogo. A região entre a Cidade Nova e São Cristóvão era muito suscetível a alagamentos antes dos vários aterros feitos ao longo do século XIX.

- Quando dom João VI foi para o palácio de São Cristóvão, atual Museu Nacional, a solução foi criar um aterro, já que existia um grande pântano do Centro até lá. Esse alagado o incomodava. Em princípio era um passadiço, que virou rua e depois o chamado Caminho das Lanternas - diz Mello.

Para a outra escavação, a do metrô, são fabricados e estocados ali, diariamente, anéis de concreto do futuro túnel por onde passarão os trens que ligarão as estações General Osório e Gávea. A cada dia, a fábrica produz 18 metros de túnel. Enquanto as pilhas de aduelas vão tomando conta do terreno, cuja propriedade é dividida entre os governos federal e fluminense, os profissionais correm para resgatar o passado.

Mello chama a atenção para o grande número de materiais intactos. Isso se deve, em boa medida, ao uso do terreno ao longo do tempo. Não há registro de grandes construções por lá. O local foi estacionamento e área de manutenção de trens da antiga Estação Leopoldina e, posteriormente, da SuperVia. Mesmo sob o trânsito de pesadas composições, os objetos resistiram em profundidades de 50 centímetros a três metros.

Os achados são variados. Até frascos de vidro, provavelmente usados em farmácias, foram preservados com líquido dentro, de quase 200 anos. Tudo será levado ao laboratório. Também foram encontrados 110 recipientes de stoneware, material feito de argila filtrada, batida e cozida em fornos de alta temperatura, principalmente na Alemanha do século XIX. O Brasil importava água engarrafada nesses recipientes, que, depois, eram reutilizados.

- No século XIX, foi descoberta no Distrito de Nassau, na Alemanha, uma fonte de água com propriedades curativas. Existia, na Europa, uma indústria de garrafas stoneware, que são extremamente resistentes - diz o arqueólogo.

Cachimbos também saíram do subterrâneo. No sítio no Cais do Valongo, não muito longe dali, foram achados os usados por escravos africanos. Na Leopoldina, boa parte vem da Europa. São cachimbos que pertenceram a marinheiros que chegavam aqui em navios comerciais e se dispersavam pela cidade. Há pequenas esculturas nas pontas. Uma delas mostra uma figura turca, bastante expressiva. Outra, um homem pedalando numa bicicleta.

Como há de tudo no lixão, também surgiu da terra uma garrafa de vidro usada para água gasosa com a inscrição, em alto relevo, "To the Royal Family" (para a família real). Também há moedas de várias épocas.

Até o fim do ano, todos os buracos serão fechados provisoriamente com um material de proteção, para que as partes do futuro túnel do metrô possam ser estocadas. A fábrica dos arcos deve terminar sua produção apenas em 2015. Em 2016, as trincheiras serão reabertas para captação de novos objetos históricos. 

Depois, o Iphan escolherá o destino do material. Superintendente do Iphan no Rio, Ivo Barreto diz que a riqueza arqueológica do sítio do matadouro surpreendeu. Segundo ele, há conversas iniciadas com o governo estadual sobre a criação de um centro de arqueologia que abrigue novas descobertas, inclusive as do matadouro, e trabalhe aliado a universidades:

- É viável pensar num processo de desenvolvimento que não abale a memória do Rio, e isso é demonstrado com clareza no matadouro. Ali é feita uma obra importante, foi encontrada uma solução viável para proteger o sítio e continuar depois o trabalho. O acervo do matadouro tem uma escala que não esperávamos, felizmente.

Subsecretário estadual da Casa Civil, Rodrigo Vieira conta que os prazos curtos da obra conviveram bem com a pesquisa:

- Fomos ajustando nossos cronogramas para atingir um objetivo comum entre redescobrir e preservar a História e fazer uma linha de metrô que atenderá 300 mil pessoas por dia.

Tesouro do Valongo ainda está em contêineres

O cruel cotidiano de pelo menos 500 mil escravos que chegaram ao Brasil pelo Cais do Valongo, na Zona Portuária, foi detalhado num trabalho arqueológico de equipes do Museu Nacional, iniciado em março de 2011, durante as obras da primeira fase do Porto Maravilha. Depois de concluída a obra, há quase um ano, milhares de objetos ficaram guardados em contêineres na Praça dos Estivadores, também na Zona Portuária. Reportagem do GLOBO de janeiro deste ano mostrou que as peças estavam armazenadas precariamente, expostas ao tempo. O material foi guardado depois, mas continua em contêineres e só deve ser transferido em dezembro.

O Instituto Rio Patrimônio da Humanidade anunciou, em julho, que os objetos do Valongo poderão ser vistos pelo público até o fim deste ano, quando o Centro Cultural José Bonifácio será reinaugurado num casarão da Gamboa, depois de ser restaurado a um custo de R$ 3,4 milhões. São cachimbos, amuletos e pulseiras, entre outros objetos que serão expostos em mostra permanente no centro, que fará parte do Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana.