domingo, 15 de setembro de 2013

Uma cabine minimalista e autossuficiente para se viver



Arquiteto italiano desenvolve conceito de casa autônoma com 7,5 m²


Você conseguiria viver em uma casa de apenas 2,5x3 metros? Este é o tamanho da cabine “Diogene”, desenvolvida pelo arquiteto italiano Renzo Piano e seus alunos. Por fora parece uma minúscula casa. Mas, longe disso, ela é, na verdade, uma complexa estrutura, que funciona de forma completamente autônoma com um sistema autossuficiente, podendo ser transportada para qualquer lugar. Entre as curiosidades da sua estrutura, há um tanque de água de chuva, um banheiro biológico, ventilação natural e uso de energia solar.



Casa minimalista feita de alumínio por fora e madeira por dentro
Foto: Vitra

A parte da frente serve como uma sala de estar. De um lado, há um sofá-cama e, do outro, uma mesa dobrável. O chuveiro fica atrás de uma divisória e tudo é integrado e feito de madeira. A parte externa é revestida de painéis de alumínio para reforçar a proteção. O telhado tem o arquétipo semelhante ao de uma casa, mas seus cantos arredondados e os materiais de fachada também dão a impressão de um produto contemporâneo.
Um dos diferenciais da cabine, segundo o arquiteto, é que ele pode ser usado como uma casa de fim de semana, um estúdio, escritório ou até mesmo um hotel informal.
Acontece que “Diogene” não é meramente uma casa compacta. Trata-se também de um novo conceito minimalista de design e arquitetura e que pode vir a ser produzido em série. Em entrevista para a Vitra Magazine, Piano conta que uma casa minimalista é algo que sempre foi considerado um ideal desde seus tempos de escola. Segundo ele, o espaço de dois metros quadrados — suficientes para uma cama, cadeira e pequena mesa — é um sonho compartilhado por muitos estudantes.
O grande desafio consiste em adequar um produto tão complexo de modo que possa ser produzido em série industrial. “Esta casinha é o resultado final de uma longa, longa jornada, parcialmente impulsionada por desejos e sonhos, mas também pelo tecnicismo e uma abordagem científica”, explica Piano à revista.
Conceitual
No final dos anos 60, quando Piano lecionava na Associação de Arquitetura de Londres, ele juntou-se a estudantes para construir pequenas casas em Bedford Square, na cidade londrina. O arquiteto também projetou botes, carros e, anos mais tarde, células para as freiras do convento da Ordem das Irmãs Clarissas, em Ronchamp, na França.
Há cerca de 10 anos, por conta própria e sem um cliente específico, Renzo começou a desenvolver uma casa minimalista. Primeiro, desenvolveu vários protótipos em Gênova, na Itália, com compensado, concreto e, finalmente, madeira. A versão final do projeto chamado de “Diogene” foi publicado no outono de 2009 pela revista italiana “Abitare” e consistia em uma casa com telhado de madeira, com uma superfície de 2,4 metros quadrados, uma altura de crista de 2,3 metros e um peso de 1,2 toneladas. Piano apresentou sua visão para o público da revista, mas observou em um dos comentários que ele precisava de um cliente para dar continuidade à “Diogene”. O arquiteto italiano encontrou então no presidente do Vitra AG., Rolf Fehlbaum, o parceiro que buscava.
Fehlbaum se sentiu atraído pela ideia, pois, segundo ele, Vitra não é apenas uma fabricante de objetos de design, mas define o mobiliário como uma parte essencial do ambiente humano. Para ele, se olharmos para trás, a história do design de móveis sempre foi sobre a requalificação do espaço de vida das pessoas.
No final de junho de 2010, houve uma reunião entre eles e ficou acordado que desenvolveriam o projeto juntos. E, em julho de 2013, após três anos de trabalho, um novo protótipo de “Diogene” foi apresentado no Campus Vitra, na Alemanha.
Segundo eles, não é um projeto acabado, mas um arranjo experimental permitindo a Vitra testar o potencial da casa minimalista. Embora geralmente apenas os produtos que estão prontos para produção em série são apresentados ao público, desta vez, optou-se por deixar o público participar no teste de “Diogene” devido à complexidade do projeto de Renzo Piano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário